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por Daniela Barreira, em 03.07.17

Alice não reagiu... Não sabia o que dizer, o que fazer. Havia uma parte do seu coração que queria mandá-lo embora, que o queria questionar se ela não merecia que ele lhe tivesse explicado, seja o que for que houvesse para explicar, antes de a ter abandonado. Foi preciso ele ser confrontado com a sua presença de surpresa para lhe dar uma explicação... Mas a outra parte do seu coração queria saber o que ele tinha para lhe dizer. Precisava disso.

Enquanto os seus sentimentos estavam neste turbilhão, os seus olhos encheram-se de água, prestes a explodir.

- Alice... - insistiu Pedro.

Ela suspirou, apertou as suas mãos com força uma na outra e, numa voz quase sumida, perguntou: - O que é que tem para me dizer?

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por O Principezinho, em 02.07.17

- Alice...
Pedro ficou imóvel a olhar para Alice. Sentiu uma enorme vontade de a abraçar mas não o fez pois não sabia se Alice o rejeitaria.
Por sua vez, Alice estava em choque ao tê-lo encontrado inesperadamente e ficou paralisada, sem conseguir pronunciar uma única palavra.
- Alice...tudo isto tem uma explicação. Será que podemos falar por um instante?

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por Daniela Barreira, em 28.06.17

Alice continuou o seu caminho, sem saber muito bem para onde ir. Tal como tinha começado, quando foi parar àquela cabana. Caminhou durante um dia inteiro, com os pensamentos a mil, nem se lembrou de parar para comer, nem sequer para descansar. Viu o sol a pôr-se e achou melhor parar na povoação que avistava a poucos quilómetros, para, pelo menos, passar a noite. Estava com sorte, assim que lá chegou encontrou uma Pensão que tinha apenas um quarto livre. Estava à sua espera. No meio deste turbilhão de acontecimentos, alguma coisa tinha de correr bem. Ou não... Assim que se voltou, ao sair da recepção, reencontrou quem não esperava...

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por O Principezinho, em 27.06.17

Pedro desejava que as coisas fossem diferentes, contudo, sabia que o que tinha feito era o melhor e o mais acertado naquele momento, por muito que isso lhe custasse e lhe dilacerasse o coração. Sentia-se apaixonado por Alice, o sentimento que o dominava era muito intenso e forte e desejava poder contar-lhe toda a verdade mas temia perdê-la no exacto instante em que lhe contasse como era a vida dele.
Mesmo assim, quem sabe se não a perdera já para sempre...

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por Daniela Barreira, em 09.05.16

Voltou a dobrar a carta. Não queria ler. Não queria tornar real o que já sabia ser inevitável... Deitou-se para trás, com as mãos a tapar o rosto, molhado. Sentiu-se ridícula mais uma vez. Por ter-se metido naquela confusão, por ter-se deixado envolver tanto assim, a ponto de estar a sentir-se desfeita. Porque é que estaria surpreendida? No fundo, ele não passava de um desconhecido.

- É só um desconhecido, Alice. Não tinhas porque esperar o que quer que fosse dele. Não sejas burra, lê a carta. - Os pensamentos na sua cabeça estavam um turbilhão.

Limpou a cara, voltou a sentar-se na cama, respirou fundo e continuou:

"Querida Alice,

Lamento, mas não posso voltar. Há muitas coisas que não posso nem consigo explicar-lhe ainda e lamento por isso também. Não espero, nem acredito, que compreenda, mas desejava tanto que isso fosse possível. Se soubesse o quanto é difícil, para mim, que as coisas sejam assim... Mas é o mais correcto, agora, para os dois. Acredite... Confie em mim, uma última vez.

Deixo-lhe o anti-inflamatório que lhe prometi e algum dinheiro para ajudar na despesa do quarto.

Desejo-lhe, do fundo do coração, as melhoras e uma continuação de jornada muito feliz. Continuarei a caminhar deste lado...

Pode ser que um dia, quando tudo for diferente, a vida volte a fazer-nos cruzar por aí. Eu iria gostar muito.

Lamento, mais uma vez.

Um beijo,

Pedro."

Não devia estar surpreendida ou desiludida, no fundo Pedro era um desconhecido. Mas a verdade é que estava. O pouco tempo que o teve ao seu lado foi muito intenso. Sentia que tinham estado em verdadeira sintonia. E tinha sido ele a desafiá-la a partilharem esta experiência. Ela aceitou com enorme vontade, mas foi ele que a desafiou. Para quê? Porquê? Foi impensado, precipitado e arrependeu-se? E nem sequer teve a coragem de lho dizer pessoalmente, antes de fugir? Os pensamentos, as dúvidas, não a deixavam em paz. Mas agora tudo tinha acabado. Finalmente a incerteza teve um ponto final. Pedro não ia voltar.

Alice tomou um banho quente, desceu do quarto para comer alguma coisa, tomou o anti-inflamatório, pagou as despesas sem dar oportunidade a que lhe fizessem perguntas e saiu o mais rapidamente que pôde dali.

Do outro lado, Pedro pensava nas palavras que lhe tinha escrito, uma a uma...

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por O Principezinho, em 06.05.16

Pedro vagueou pelas ruas durante horas. Sentia-se como se um torno lhe apertasse o peito. Mas no fundo ele sabia que havia momentos na vida em que as pessoas não tinham alternativa senão fazer o que estava certo. Seria muito mais excitante e divertido se pudessem fazer o que lhe apetecesse, no entanto, o mais certo era alguém acabar por se magoar.
Longe dali, Alice abriu o envelope almofadado e viu de imediato a embalagem do analgésico. As mãos começaram a tremer-lhe e sentiu que o chão lhe fugia dos pés. Por um lado, não queria ler a carta, por outro, tinha que acabar de uma vez por todas com aquele impasse.
Sentou-se na cama, desdobrou a carta e leu mentalmente:
“Querida Alice,

 

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por Daniela Barreira, em 02.05.16

Alice acordou já a meio da tarde. Nem quis acreditar quando olhou para o relógio e viu que já era tão tarde. Olhou à sua volta, a sentir-se perdida. Tudo permanecia igual. Nem um sinal dele. Continuava sozinha. Ele não ia voltar, esse pensamento não lhe saía da cabeça. E do coração, que lhe tremia dentro do peito. Só queria voltar a adormecer e acordar só quando toda esta situação tivesse passado. Mas não podia, a vida não pára.

Levantou-se, foi até à casa de banho, olhou-se ao espelho. Olhos inchados, das lágrimas que caíram até adormecer. E das que sentia que ainda estavam para cair, a qualquer momento. Apesar de ter dormido até tarde, sentia que não descansara. A cabeça latejava. As dores do pé quase não se faziam sentir, em comparação com a dor da desilusão que sentia dentro de si. Sentia-se sem forças, o seu organismo precisava comer. Mas não conseguia sair do quarto, nem falar com ninguém. Sentia-se sem forças sobretudo de encarar o mundo lá fora que sabia que ela esperava o suposto marido... que não aparecera.

Passou a cara por água e voltou a enfiar-se na cama. A ver as horas passar. Quase sem sentir nada. E assim passou mais uma noite, entregue à angústia de não saber o que fazer. Amanhã era outro dia. Passou a noite quase em claro e, quando estava quase a deixar-se vencer pelo sono e cansaço, batem à porta. O seu coração quase parou, gelou. Levantou-se, a medo, e abriu. A recepcionista, com um envelope nas mãos.

Alice não disse uma palavra, recebeu-o e voltou a fechar a porta. Abriu o envelope e ficou com o coração nas mãos, ao ver o que tinha dentro.

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por O Principezinho, em 30.04.16

Pedro meteu a mão ao bolso e retirou um molho de chaves. Escolheu a chave que abria o portão da casa. Percorreu o jardim devagar. Parecia-lhe que o corpo, a par dos seus pensamentos, estava também paralisado.
Quando chegou à porta principal, abriu-a e ficou imóvel, parado à entrada.
Na sala, encontrava-se justamente a última pessoa que ele queria encontrar. Estava deitada no sofá, adormecida, com um copo de whisky na mão.
Pedro segurou no copo com delicadeza e colocou-o na mesa. Não queria que ela acordasse e voltasse a desestabilizar-se ao vê-lo ali. Pegou numa manta quente e aconchegou-a.
De seguida subiu rapidamente as escadas e digitou o código que abria o cofre. Mas o cofre não abriu. Como estava demasiado nervoso, Pedro sentou-se na cama e tentou acalmar-se. Segundos depois, voltou ao cofre e tentou novamente a combinação de números. Mas o cofre não abria.
- Ela mudou o código! – disse para consigo mesmo.
Vasculhou a mala dela que estava em cima da cama e encontrou cem euros. Meteu-os ao bolso, desceu as escadas e saiu não fazendo nenhum barulho.
Foi a pé até à Farmácia e comprou um anti-inflamatório. Dirigiu-se aos Correios e, enquanto esperava a sua vez, escreveu uma carta. Quando a empregada chamou o seu número, Pedro dirigiu-se ao Balcão e disse:
- Quero enviar uma encomenda para esta morada, por favor.
Quando saiu do edifício dos Correios, Pedro estava imensamente pálido. As mãos tremiam-lhe. O que ficaria ela a pensar dele quando recebesse o embrulho?

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por Daniela Barreira, em 30.03.16

Mas não adormeceu. A sua cabeça latejava, as dores do pé começavam a fazer-se sentir mais fortes... E as lágrimas inundavam-lhe os olhos. Era noite, e Pedro não regressava. Ele não ia voltar, ele não ia voltar, ele não ia voltar. O seu coração estava apertado. Sentia-se ridícula. Confiou num desconhecido, deixou-se levar, deixou-se guiar. E esperava que ele voltasse para junto de si ou, pelo menos, para a ajudar a sair daquela embrulhada em que se meteram. Porque estavam juntos nisto. Não estavam? Ela já nem sabia o que pensar. Como esperou tanto de alguém que não conhecia? E porque o fez? Logo ela, que prometera a si mesma que isto não ia voltar a acontecer. Não mais. Estava confusa, não estava a perceber nada. Queria descansar, esquecer tudo e acreditar que amanhã tudo seria diferente e uma solução surgiria. Mas não conseguia.

- És tão burra, Alice. - disse para si mesma.

Quanto mais as horas passavam, mais cansada ela se sentia. Estava esgotada, quando finalmente adormeceu, já com o sol a nascer.

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por O Principezinho, em 29.03.16

Pareceu-lhe que estava alguém a tentar entrar no quarto.
Era ele! Só podia. E ela estava completamente nua, despida…não conseguia pensar mas também sabia que o desejava mais do que tudo e que desta vez não iria reprimir nem disfarçar os seus desejos mais ardentes.
Podia ter-se coberto com uma toalha, mas não fazia tenções de fazê-lo.
- Está tudo bem? Precisa de ajuda?
Alice gelou quando ouviu uma voz feminina do lado de fora da porta. Durante uns segundos, nem sequer conseguiu emitir uma única palavra. Cobriu-se com a toalha e bem devagar, não forçando o pé magoado, conseguiu ir até à porta, abrindo-a.
- Estou melhor, obrigada. Estava a tomar um duche quente para relaxar.
- Óptimo. Espero que melhore e recupere depressa.
Vendo que a funcionária estava a preparar-se para se ir embora, pergunta-lhe:
- Por acaso não viu o meu marido?
- Não, não o voltei a ver.
Alice, visivelmente embaraçada, acrescentou:
- Foi à farmácia comprar um anti-inflamatório, mas está demorar tanto tempo que começo a ficar preocupada.
- Porque não lhe liga? Vai ver que não aconteceu nada de grave. Bem, se me dá licença, tenho que ir. As melhoras. Alguma coisa que necessite é só ligar para a recepçãoç
- Muito obrigada.
Alice fechou a porta e sentou-se na cama. Inspirou fundo. Nem sequer tinha o contacto de Pedro, como lhe haveria de ligar? Ainda para mais, agora tinha dito que ele era seu marido. E se ele nunca mais aparecesse? Como sairia ela dali? Não tinha dinheiro para pagar a estadia. E como justificaria o desaparecimento misterioso do marido? Só de pensar, sentiu uma forte dor de cabeça.
Meteu-se debaixo dos cobertores e desejou adormecer e esquecer tudo o que lhe estava a acontecer.

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por Daniela Barreira, em 29.03.16

Quando Alice acordou, olhou para o relógio e ficou surpreendida. Já era final da tarde. Nem deu pelo passar das horas. Adormeceu profundamente. Olhou à volta, à procura de Pedro... e nada. Nem sequer um sinal de que ele já tivesse regressado entretanto. Nada das suas coisas, nada dos medicamentos que ele tinha ido buscar. Nada de sinais de si. Tudo permanecia igual ao que estava antes de ela ter adormecido. Sentiu um aperto no coração. Ele já deveria ter voltado... Não percebia o que se estava a passar, mas não estava a gostar da sensação. Levantou-se, para ver se conseguia aguentar-se de pé. As dores do pé voltaram, mas não o suficiente para não aguentar. Aquelas horas de sono e repouso fizeram-lhe bem. Foi até à casa de banho, um banho quente era mesmo o que estava a precisar... Para renovar energias, para lavar angústias e medos. À medida que a água quente lhe percorria o corpo, os seus pensamentos estavam a mil. Onde estaria Pedro? Um aperto no peito fazia-a recear que ele não voltasse. Afinal de contas, ainda que algo a fizesse sentir profundamente que sim, ela praticamente não o conhecia. Atirou-se nesta aventura com ele, mas estava a dar-lhe mais trabalho e preocupações do que desejara. As lágrimas teimavam em aparecer. E se ele a tivesse deixado ali?

No meio daqueles pensamentos e receios, ainda com a água quente cair-lhe no corpo, do outro lado da porta, ouviu um barulho no quarto...

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por O Principezinho, em 25.03.16

Mas Pedro não foi à Farmácia. Chamou um táxi e indicou uma morada ao motorista.
Enquanto o táxi fazia o percurso, Pedro não conseguia pensar. Olhava para a paisagem sem realmente a ver. O motorista percebeu que o passageiro estava nervoso e ligou o rádio.
Quando o táxi se aproximava de uma casa imponente toda pintada de branco e rodeada de altos muros, também pintados a branco, Pedro quebrou o silêncio:
- Pode parar. É aqui.
Enquanto isso, as horas passaram e Alice adormecera profundamente.

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por Daniela Barreira, em 21.02.16

Enquanto esperaram, não disseram uma palavra. Alice olhou-o a tentar perceber o que lhe ia no pensamento, ele sorriu-lhe, em resposta, como se a tentasse sossegar. O homem da recepção encaminhou-os até uma sala onde se encontrava o médico que, assim que eles entraram, os olhou com ar de quem reparou no seu estado cansado.

- Em que posso ajudá-los? - perguntou, com um sorriso.

Pedro sentou Alice numa cadeira e apontou-lhe para o pé. - Não está muito bonito. - disse.

- Tropecei e caí em cima dele. - explicou Alice.

O médico observou-a.

- Vai ficar bem, nada de grande cuidado. Mas ainda bem que me procurou, vai precisar de anti-inflamatório, algum gelo e descanso nas próximas horas. Tenho a certeza que o seu marido cuida de si. - Sorriu. E de novo um aperto no coração de Alice. - Não a deixe fazer esforços nos próximos dois dias.

- Eu trato disso. - respondeu Pedro.

Saíram da sala e dirigiram-se à recepção para tentar alugar um quarto. Se Alice ia precisar de repouso, não podiam continuar esta aventura sem cómodos até ela melhorar. Precisavam de conforto e de um banho quente. A mulher da recepção encaminhou-os até um quarto. Repararam que só tinha uma cama, de casal. Não era de estranhar, eles chegaram ali como se fossem um. Olharam à volta, gostaram do que viram. Depois de noites mal dormidas, um quarto com tudo o que precisavam para uma noite de aconchego sossegada. Pedro ajudou Alice a sentar-se num sofá perto da janela com vista para o lago.

- Fica bem uns minutos sem mim? Vou procurar uma farmácia por perto para lhe trazer o anti-inflamatório que precisa. Volto já.

- Não se importa? Estou a dar-lhe muito trabalho...

- É para isso que os maridos servem. - gargalhou ele, piscando-lhe o olho.

Alice sorriu. E o seu coração ainda não lhe tinha sossegado dentro do peito.

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por O Principezinho, em 21.02.16

- Boa tarde, precisam de ajuda? - perguntou a mulher que se encontrava na recepção.

- Sim, por favor. Estava a dar um passeio com a minha mulher, mas ela tropeçou e caiu. É possível chamar um médico para a observar?

- Sim, claro que sim. Só um minuto.

O coração de Alice parecia que ia saltar-lhe do peito. Porque dissera ele que ela era sua mulher? Estava cada vez mais confusa. Só não estava confusa naquilo que sentia por ele...

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por Daniela Barreira, em 14.02.16

Ele sentia que devia quebrar o silêncio, enquanto caminhava, depois do que ela lhe dissera, mas não sabia como. Limitou-se a olhá-la e, desta vez, ela devolveu-lhe o olhar. Tinha os olhos inchados do cansaço, dor, esforço, lágrimas. Ele sorriu-lhe.

- Estamos quase lá. - disse-lhe.

Ela não disse nada, nem sorriu de volta. Aconchegou a cabeça mais a ele, contra o seu peito.

- Como se sente, Alice?

Alice respirou fundo.

- Cansada. Tão cansada...

Ele percebeu de imediato que aquele cansaço não se referia apenas ao cansaço físico, nem àquele momento. Olhou-a de novo e encontrou de novo o seu olhar perdido. Quem era esta mulher e o que lhe ia na alma?

Chegaram à porta do pavilhão e entraram. Encontraram um homem e uma mulher à entrada, sentados por detrás de um balcão, que os olharam de imediato de alto a baixo, com ar surpreendido. 

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por O Principezinho, em 13.02.16

Ambos ficaram em silêncio. Ele continuou a caminhar segurando-a cuidadosamente nos braços.
Seguia em direcção ao pavilhão que lhe parecia ser destinado ao turismo rural. Aquele pé tinha que ser visto por um médico.
Ela estava com os pensamentos a mil à hora e nem se atreveu a dizer mais nenhuma palavra. Mas adorava poder ler os pensamentos dele. Estava curiosa para saber o passado daquele homem mas não sabia como abordar aquele homem mistério…

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por Daniela Barreira, em 11.02.16

- Desculpe... 

- Desculpe? - perguntou Pedro, incrédulo. - Pelo quê?

- Já deve estar arrependido por me ter desafiado a vir consigo nesta aventura... Estou a ser um impecilho para si. Só me meto em sarilhos.

Ele olhou-a, a tentar perceber se ela estava realmente a sentir o que dizia. Ela nem o olhou de volta, tinha os olhos baixos. Quase lhe pareceu que estavam cheios de lágrimas, mas não conseguiu ter a certeza. Ela não lhe devolveu o olhar. Tinha o olhar longe. E ele a sentir a sua respiração tão forte, ali, tão perto do seu pescoço.

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por O Principezinho, em 10.02.16

Pegou no sapato e olhou em redor. Não via nada.
- Alice! – gritou.
Algures, perto dali, Alice ouviu chamar o seu nome.
- Pedro, estou aqui!
Ele ouviu e correu na direcção do som. Quando a viu nem queria acreditar. Ficou imóvel, paralisado.
- Que aconteceu?
- Encontrei esta figueira, queria surpreende-lo com fruta ao acordar mas coloquei mal o pé e caí. Dói-me imenso o pé e não o consigo pôr no chão…
- Não está nada com bom aspecto. Está inchado. Temos que tratar dele imediatamente. Meta as suas mãos à volta do meu pescoço, por favor.
Pedro pegou nela ao colo e ela sentiu-se novamente em segurança. Sentia o cheiro e a respiração dele tão perto que até as dores pareciam ter diminuído…

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por Daniela Barreira, em 10.02.16

Tinha de conseguir arrastar-se, pelo menos, até mais perto dele, não podia ficar eternamente à espera de ser encontrada. Mas as dores lutavam contra ela, deixavam-na sem forças... Começou a arrastar-se, com o esforço, cansaço e dores de quem se tinha movido quilómetros e, no entanto, apenas andara uns centímetros. Sentía-se perdida. As lágrimas, nessas ela já não mandava... Caíam, sem parar.

Pedro começou a estranhar a demora de Alice e a fome começava a apertar. Queria ir procurá-la, ver se encontrava algo que pudessem comer, mas tinha medo de sair dali e que ela voltasse e se desencontrassem. Também ele escreveu uma mensagem na terra junto da que ela lhe tinha deixado. "Enganou-me, não voltou :) Se não nos encontrarmos por aí, espere por mim aqui, volto já também."  Começou a andar sem saber bem por onde ir, tinha um aperto no peito como quem tinha a sensação de que algo podia não estar bem... Parou, imóvel, quando viu aquele objecto no chão. Agora sim, tinha a certeza de que algo de estranho se passava... Era o sapato de Alice, perdido, sozinho, ali no chão.

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por O Principezinho, em 09.02.16

Sentou-se e ficou pensativo. Ambos tinham um passado, uma vida, mas nada sabiam um do outro. No entanto, não podiam continuar com aquela vida de refugiados. Pensou que seria mais fácil para ele começar do zero sozinho, sem ninguém que dependesse dele, mas agora era tarde demais para a abandonar. Eram companheiros de estrada e ele começava a sentir um carinho e uma ligação forte por ela. Mas não queria sujeitá-la a este tipo de vida.

O pé de Alice estava cada vez mais inchado e ela já nem o conseguia pousar no chão. Estava tão enervada que deixou de pensar e raciocinar. Quis gritar por ajuda, com esperança que ele a ouvisse, mas não conseguiu. A voz não saía. Alice estava completamente bloqueada.

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por Daniela Barreira, em 09.02.16

“Muito bom... Apenas uns minutos sem ele e fico logo em sarilhos?”, pensou... Riu-se com o seu pensamento, sentiu-se ridícula. Mas a verdade é que estava cheia de dores e não conseguia levantar-se. E ele estava a dormir, podia não acordar tão depressa. E mesmo que acordasse, não sabia onde ela estava... Tentou arrastar-se. Queria ir até à árvore. A vontade de o surpreender e fazer algo por ele para compensar todo o seu cuidado durante estes dias, tinha de ser maior do que as dores que sentia. Mas a cada avanço que dava, sentia a dor de uma faca a atravessar-lhe o tornozelo... Conseguiu chegar até à árvore, suada de todo aquele

esforço e das dores que começavam a ser mais fortes do que ela. Já não sabia o que era suor e o que eram lágrimas... Não sabia como ia sair dali, como ia regressar a ele. Sentia-se a perder as forças... Começava a arrepender-se de tanto esforço para ir até à árvore, devia ter aproveitado o esforço para chegar mais perto de Pedro... Tinha esperança de que daqui a pouco as dores aliviassem, era questão de tempo... Mas as dores só aumentavam. Não conseguia mexer-se dali.

Do outro lado, ele acordou. Olhou à volta à sua procura, leu a sua mensagem na terra, sorriu e deixou-se ficar à espera, enquanto observava a paisagem que o rodeava. Olhou para o relógio, era quase meio-dia, e reparou que dormiu muito mais do que esperava. E ela ainda não tinha voltado... Será que tinha saído há muito de junto dele?

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por O Principezinho, em 09.02.16

Piscou-lhe o olho, sentou-se na erva e deixou-se cair para trás. Fechou os olhos e adormeceu de cansaço minutos depois.

Ela ficou parada a observá-lo. Observou as suas feições, o seu rosto enquanto ele dormia sereno. Apetecia-lhe aninhar-se nele e ficar ali naquele sonho acordada.

Afastou-se dele. Ele tinha cuidado dela na noite anterior. Agora era a vez dela de fazer algo por ele. Mas antes de se afastar, pegou num pau de madeira e escreveu na terra “volto já”.

Caminhou e observou bem a vegetação ao seu redor. Encontrou cogumelos, mas não sabia distinguir os venenosos dos sãos. Continuou a caminhar sempre atenta ao caminho com receio de se perder.

Ao longe avistou um poço de água com uma árvore ao lado que parecia ser uma figueira. Com fome, correu até à árvore. Só pensava em alcançá-la, em surpreende-lo com os figos quando ele acordasse.  Mas quando estava prestes a chegar, não reparou num buraco no chão, tropeçou e caiu.

A dor no pé era tal que ficou imóvel, de olhos fechados e sem respirar, por uns momentos. Tentou levantar-se mas nem conseguia pôr o pé no chão.

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por Daniela Barreira, em 09.02.16

- Gosta?

- É lindo, Alice... Mesmo o que estávamos a precisar para começar outro dia.

Ela chegou-se mais a ele. – A avaliar pelo que dormimos, ou não dormimos, acho que nem chegámos a terminar o dia de ontem, pois não?

Ele olhou-a uns segundos, a tentar descodificar o que ela queria dizer com aquilo. Mas ela não quebrou o silêncio.

- Está cansada?

- Um pouco, mas estou bem. Ter esta vista, não é todos os dias nem para qualquer um. Sinto-me renovada, só por estar aqui. Obrigado...

- Obrigado?

- Por me ter desafiado a vir consigo. Sem si, não estaria a viver estas sensações todas.

Ele não respondeu, sorriu apenas, a olhar o infinito.

- E você, está cansado?

- Um pouco, mas devíamos ver se conseguimos encontrar algo que se coma... Não tem fome?

- Ainda não, é cedo. Acho que o Pedro devia tentar dormir um pouco... Não quero correr o risco de não estar desperto o suficiente para me proteger se algo inesperado acontecer. – Começou-se a rir.

Ele adorava ouvi-la rir assim...

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por O Principezinho, em 09.02.16

Ela sentiu a dureza do seu membro rígido contra o seu corpo. Ele desejava-a mas aguentou-se e não lhe tocou. Não saberia como ela poderia interpretar. Ficaram apenas aconchegados nos braços um do outro. Ninguém dormiu.

Eram 6 da manhã, e ainda estavam a olhar para o céu, a ver as estrelas…numa noite longa em que parece que reinventaram todas as filosofias. Subitamente ela diz: 
- Vamos ver o nascer do sol.
- Onde?
- Sei lá, vamos simplesmente.
- Ok, siga.
Andaram sem destino, até saírem do pequeno e primitivo trilho. Já não tinham referências. Não faziam a mínima ideia de onde estavam.
- Sabe por onde está a ir? – perguntou ele.
- Não! Não é maravilhoso?
Ainda não estava muito habituado a praticar o "ir". Afinal, aquele homem não era assim tão aventureiro e livre.
- Onde quer ver o nascer do sol?
- Está quase! – diz ela ofegante de tanta excitação que estava a sentir.
- Quase o quê? Não faço ideia onde estamos.
A paisagem era maravilhosa, estava a alvorecer, o nevoeiro ainda subsistia rasteiro e escondia as ervas de palmo e meio.
- Vamos por aqui.
- Olhe, estamos no meio de uma plantação de bambus, e agora? – observou ele.
- Continuemos... vamos por aqui…espere…chegámos…
Ele ficou mudo, perplexo e petrificado. O espectáculo foi simplesmente divinal. No meio do nada, escondido numa plantação de bambus que também não se fazia adivinhar naquele sitio, nem na mais remota hipótese, estava um lago, com uma pequena ilha e um pavilhão dignos do mais luxuoso resort do mundo. As cores, o silêncio quebrado pelos pássaros que despertavam para mais um dia e o sol a nascer para os abençoar com a dádiva da vida mais uma vez. Nunca mais aqueles dois esquecerão aquela noite, aquele dia…o momento em que decidiram simplesmente ir...!

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por Daniela Barreira, em 08.02.16

Passaram-se minutos naquele silêncio e ela não conseguia adormecer. Não assim. Com aquele homem ali tão perto, mas não perto o suficiente. Ele dera-lhe o seu casaco para a aquecer, ofereceu-lhe a placa de esferovite para que ajudasse no seu conforto. E ele estava ali, no chão, sem casaco. E perto dela, mas não o suficiente. Hesita em quebrar o silêncio. Mas não resiste.

- Pedro? Está acordado?

- Parece que sim... Está tudo bem? Precisa de alguma coisa?

- Preciso...

Ele, num impulso, senta-se. – O que precisa?

- De si... Aqui ao pé de mim. Não consigo dormir assim, consigo aí no chão. Venha, dividimos o casaco e tentaremos dividir a placa de esferovite.

Ele sorriu. Ela parecia ler-lhe os pensamentos, os sentimentos, os desejos. Levantou-se, e ela já estava a acomodar-se para lhe dar espaço. A placa de esferovite era estreita, ele abraçou-a para conseguirem caber naquele espaço pequeno. Ela cobriu-o com o casaco que a cobria a si.

- Está a habituar-me mal, Alice... – mais uma noite... e aquela mulher de corpo colado ao seu.

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por O Principezinho, em 08.02.16

O abraço dele era forte. Fazia com que ela não tivesse medo de nada. Ficaram alguns minutos assim, abraçados, sem nada dizerem…para eles, o tempo parou ali…
Mas o relógio não parava e o sol estava a pôr-se. Ele afastou-se com carinho e fez-lhe uma carícia no rosto. Estendeu-lhe a mão e disse:
- Venha, temos que arranjar urgentemente um local abrigado para ficarmos esta noite.
Ela sorriu e deu-lhe a mão. Deixou-se guiar por ele.
A luz do dia começava a escassear e ele só via mato e árvores. Nem uma casa ou cabana por perto.
Continuaram a caminhar até que ela avistou umas casas em ruínas.
- Olhe ali! – disse, apontando para as ruínas.
Ele sorriu e disse:
- Acha que consegue?
- Claro que sim! É só uma noite. Amanhã seguimos caminho, verdade?
- Sim, claro que sim.
Quando chegaram, encontraram algum lixo no chão. Vestígios do que lhes parecia ter sido um piquenique.
- Vou dar uma vista de olhos a ver se encontro algo que nos possa ser útil. Fique abrigada aqui por favor. Volto já.
Sem aquele homem por perto ela sentia frio e até medo. Sem ele, não teria tido a coragem de largar tudo. Jamais estaria ali.
O tempo parecia arrastar-se e ele nunca mais chegava. Será que lhe tinha acontecido alguma coisa? Será que se tinha perdido? Será que se tinha cansado dela e tinha ido embora?
Não, ele não a deixaria ali sozinha naquele lugar. O coração dizia-lhe que ele voltava. O seu pensamento tinha medo que não voltasse.
Ela olhava em redor e não via nada. Só os sons da noite, que a começavam a assustar. Sentou-se a um canto, completamente imóvel. Quase nem respirava e no entanto conseguia ouvir o bater do seu próprio coração. Estava aterrorizada de medo.
De repente, ouviu passos. O coração parecia querer saltar-lhe do peito.
- Alice? Onde está?
O alívio foi tal que pareceu ter levado um choque eléctrico. Ficou paralisada e sem fala. Apenas levantou o braço e ele viu-a de imediato.
Trazia algo nos braços, mas largou tudo e dirigiu-se a ela:
- Você está bem? Que se passa? Aconteceu alguma coisa? Apareceu alguém?
- Não…está tudo bem…eu…
- Alice…fale comigo…está a deixar-me preocupado…
- Tive medo. Medo que você não voltasse. Medo de ficar aqui sozinha.
Ele sorriu e disse:
- Acha que a deixava aqui? Sei que não me conhece de parte alguma mas era incapaz de o fazer! Encontrei algumas coisas! Nada de especial, mas foi tudo o que encontrei. Encontrei esta placa de esferovite no meio de um monte de entulho das obras. Vai ser onde a madame vai dormir. O esferovite aquece, sabia? E, mais pura das sortes, encontrei esta caixa de fósforos caída no chão com este maço de tabaco. Suspeito que devia ser de algum pastor. Eu não fumo, mas não sei se você fuma, por isso trouxe-o na mesma. Mas, o mais útil serão os fósforos. Não tem muitos mas vai dar para fazermos uma fogueira.
- Você é um querido. Eu aqui cheia de medo e você preocupado comigo, com o meu bem-estar…devia ter ido consigo…
- Deixe-se disso. Quer testar a cama?
Ela sorriu. Ele fazia-a sorrir. Ele colocou no chão a placa que devia medir cerca de 1,50 cm e ela sentou-se.
- Já sei porque não se deita. Não tem almofada! Deixe-me só tentar fazer lume e já tratamos disso. Não se vê nada.
- Quantos fósforos tem a caixa?
- Três.
- Não acha melhor guardar? Hoje já não vamos fazer nada. Para descansar não é necessário ter luz.
- Sim, mas pensei em fazer lume para a aquecer.
- Você aquece-me.
Instintivamente ele sentiu uma ereção. Felizmente para ele, estava tão escuro que ela não conseguiria ver o volume que se estava a formar nas suas calças.
Ele tirou o casaco e deitou-o sobre o corpo dela. Ele estava demasiado quente, não precisaria dele.
- Não faça isso. Estou bem. Depois você ficará com frio.
- Não tenho frio, estou bem.
Deitou-se no chão, em cima da erva seca e tentou não pensar nela a ver se o desassossego lhe passava.
- Sabe para que servem essas placas de esferovite?
- Para camas improvisadas? – Começou a rir.
- Também, como vê! – disse ele em tom de brincadeira. - Servem para isolar as construções. Por isso a trouxe, para que se mantivesse quente.
Ela calou-se e ele pensou que tinha adormecido. Ele continuava excitado só de sentir a presença daquela mulher ali tão perto.
Ela não dormia. Pensava nele.

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por Daniela Barreira, em 07.02.16

E ela não perguntou. Deixou-se abraçar. Sorriu. Abraçou-o também. Não disse nada, não sabia o que dizer. Mas precisava e queria senti-lo também. Junto de si, em si. Aqueles braços fortes a rodeá-la, aquelas mãos a segurá-la. Ela perdida dentro daquele abraço, mas a sentir que se encontrava cada vez mais. Embalada pela sua respiração, pelo seu coração a bater. Abraçou-o com mais força, como se não o quisesse deixar ir. Deixou-se sentir, por aquele corpo colado ao seu, por aquele homem desconhecido que começava a parecer-lhe tão íntimo. E que agora tinha um nome... Pedro.

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por O Principezinho, em 07.02.16

- O meu nome é Pedro. Você tem um nome muito bonito, a condizer consigo...Ainda não lhe agradeci pelo facto de ter a sua companhia nesta aventura.
Calou-se e olhou para ela, bem para o fundo dos seus olhos. Ela baixou o olhar. Ele chegou mais perto dela e abraçou-a, dizendo: não me pergunte porquê, mas precisava de a sentir…

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por Daniela Barreira, em 13.12.15

Ela sorriu. Quanto mais ela tentava descodificar tudo isto, mais este homem lhe dificultava o caminho... e até a isso ela achava piada. Mas queria saber mais dele.

- Era mesmo disso que eu estava a precisar. – respondeu ela.

Sentaram-se os dois num tronco de árvore caído no chão. Rodeava-os uma paisagem verde e um imenso céu azul. Som de aves que os sobrevoavam e de folhas balançadas pelo vento. E aquele doce silêncio, que os dois hesitavam em quebrar.

-  Alice. – disse ela.

Ele olhou-a surpreendido.

- O meu nome é Alice. – disse, com o olhar perdido no azul do céu.

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por O Principezinho, em 13.12.15

- É claro que sim. Tal como você tem um nome. Mas, mais do que um nome, cada um de nós tem uma história. Eu sou o resultado das minhas escolhas, opções, das viagens que fiz, das pessoas que conheci e amei, dos livros que li, de tudo o que aprendi e vivi.

Vamos sentar-nos um pouco. Você deve estar cansada.

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por Daniela Barreira, em 13.12.15

Caminharam durante algumas horas, quase sempre em silêncio. Um silêncio de mistério, mas não pesado. Apaziguador, para ambos. Ele, à sua frente, tão envolvido e invadido por aquelas sensações como ela. Sempre que olhava para trás, para se assegurar que ela o seguia, queria segurá-la com a sua presença, assegurar-lhe abrigo com o seu olhar. E conseguia. Só ainda não sabia que o conseguia. Ou até sabia, conseguia senti-lo. E não sabia como, nem porquê.

Ela estava a começar a ficar cansada, caminhavam há horas, o sol estava quente, o chão não era plano... começava a sentir que precisava de uma pausa para descansar um pouco. Mas queria tanto encontrar um novo abrigo para esta noite, um onde pudesse tomar um banho quente ao final do dia... No meio destes pensamentos, ela interrompe o silêncio:

- Este homem que me guia, tem um nome?

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por O Principezinho, em 13.12.15

Ela ficou imóvel a olhar para ele. Aquele olhar misterioso e doce fazia-a sentir-se aconchegada.

- Eu vou na frente, para abrir caminho por entre os arbustos. Venha atrás de mim, por favor. Precisamos de encontrar casas e pessoas antes do dia escurecer. Vamos ter que encontrar novo local para passarmos as noites e algo que se coma.

Ela confirmou com um aceno de cabeça. Sentia-se segura com ele. Sabia que ele não iria deixar que nada de mal acontecesse. Confiava nas suas palavras firmes, nos seus gestos e sobretudo no seu olhar.

Ele ia na frente, de vez em quando olhava para trás para ver se ela ia atrás dele. Cada vez que o sentia a olhar para ela, o coração acelerava. Não tinha explicação para nada daquilo. A cabeça só conseguia pensar nele. Tudo o resto desaparecera. Parecia que estava a recomeçar uma vida nova, num mundo novo, com uma pessoa completamente diferente que lhe despertara uma série de emoções.

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por Daniela Barreira, em 07.04.15

Enquanto arrumava a cabana, a sua cabeça estava a mil. Em cada coisa que tocava, relembrava-se de cada instante passado na noite anterior. Perguntava-se o que a esperava nos próximos dias. Ir sem destino com um desconhecido? Loucura, talvez... Mas sem um pedacinho de loucura, a vida torna-se ainda mais louca.

Deixou tudo arrumado, tal como tinha encontrado. Arrumou as suas coisas na mochila que trouxe consigo. Antes de sair da cabana, olhou à sua volta. Queria saborear, pela última vez, os contornos daquele lugar. Daquele lugar que foi o seu abrigo na última noite. E que, por uma noite, lhe deu a provar o sabor da eternidade.

Suspirou. - Ao começo. - disse para si mesma. - Não tenhas medo.

E não tinha. Não com aquele homem por perto, mesmo sem saber porquê.

Saiu da cabana e avistou-o. Já fora do lago. A acabar de se vestir. Assim que a viu, ele sorriu.

- Nem sabe o que perdeu, estou como novo!

Ela sorriu. - Óptimo! Pronto para ir?

- Sempre.

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por O Principezinho, em 07.04.15

- Primeiro tenho de tomar um duche. Como a cabana não tem quarto de banho, vou aproveitar para experimentar dar um mergulho neste lago maravilhoso. 

- Mas a água deve estar gelada! - exclamou ela, quase chocada.

- Sabe, na verdade não há nada como sentir a água fresca no corpo. Custa, mas só no primeiro segundo. A sensação revigorante que se sente no após é indescritível, quase tão boa como uma massagem. Quer experimentar? - sorriu com aquele olhar desafiador.

- Não, obrigada. Vou arrumar a cabana e tentar deixá-la tal e qual como a encontrámos. O dono não ia gostar de ver as suas coisas remexidas.

Ele estava já a tirar a t-shirt e ela voltou as costas, encaminhando-se para a cabana.

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por Daniela Barreira, em 05.04.15

Ela paralisou, sentiu-se totalmente surpresa... Não estava nada à espera de um convite daqueles. Como é que ele podia querer a sua companhia se, como ele próprio disse, nem a conhecia? Ela queria dizer que sim, mas não sabia como. Nem se devia. Sorriu do seu próprio embaraço. Ele continuava a sorrir, à espera de uma resposta. E, provavelmente, por também perceber o embaraço dela. Finalmente ela respondeu:
- Por acaso, os meus planos eram os mesmos que os seus... Seguir sem destino.
- Nada é por acaso. - respondeu ele.
Um momento de silêncio. Aquele homem tinha a capacidade de a deixar sem resposta. Tinha um mundo tão profundo dentro de si, que ela não conseguia, ainda, decifrar... O que queria ele dizer com isto? Melhor... o que lhe queria, a ela, ele dizer com isto?
- A minha mãe sempre me disse que não devia aceitar convites de desconhecidos. - disse ela, em tom de brincadeira.
Ele gargalhou - Bom, quanto a isso acho que já não pode fazer nada, pois não? Dormiu, literalmente, com um...
Riram os dois, os seus olhos encontraram-se. Até a gargalhada dele a conseguia sossegar e inquietar ao mesmo tempo.
Ela tocou-lhe no braço e, ainda a sorrir, perguntou:
- Quando seguimos?

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por O Principezinho, em 05.04.15

- Acha que ia fugir de um lugar idílico como este?

- Não sei...não a conheço... - disse ele a sorrir.

Ela não conseguia decifrar o que ia dentro daquele sorriso. E muito menos naqueles olhos castanhos. No entanto, uma coisa era certa, sentia que ele tinha bom fundo. Sempre a respeitou desde o primeiro momento e isso tranquilizava-a. Por outro lado não se conseguia sentir calma ao pé dele. O seu coração parecia nunca sossegar. 

- Vai ficar por aqui...?  - perguntou ela a medo.

- Adoro o sítio, mas não, vou seguir viagem.

- Vai para onde, se posso perguntar?

- Vou sem destino. Quer vir, ou tem afazeres mais importantes?

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por Daniela Barreira, em 05.04.15

Não saiu do lugar durante momentos, estava petrificada a fitar aquele momento, a reviver todos os pequenos momentos que partilhou com aquele desconhecido, desde a noite passada. Ainda a sentir-se ridícula, sem saber o que pensar, o que sentir.
- Não quer juntar-se a mim? - perguntou-lhe ele a sorrir, enquanto passava a cara por água, no lago.
Os pensamentos dela foram interrompidos. Manteve-se séria. - Não, vou caminhar um pouco. Não fuja... Eu volto já.
E afastou-se. Lembrou-se que, no dia anterior, enquanto caminhava sem destino e foi parar àquele paraíso, passou por uma pequena povoação onde devia haver uma mercearia. Foi tentar a sua sorte. Enquanto caminhava, continuou a reviver, na sua cabeça, cada passo, cada movimento, cada palavra e cada instante que viveu naquela cabana. E aquele sentimento de cumplicidade que a invadia com aquele homem que nem o nome sabia, sequer... Não podia ser... tinha de manter os pés na terra, não se podia iludir. Antes de ir parar àquela cabana, tinha prometido a si mesma que o seu coração não ia mais cair em ilusões. O seu coração ainda se estava a curar. Aquele homem era um desconhecido que se abrigou na mesma cabana que ela, por uma noite... Apenas isso.
Uma hora depois, ela regressou. Ele estava deitado na relva, junto ao lago, a olhar o céu.
Ela entrou na cabana, sem que ele desse pela sua presença, e foi buscar a toalha que estava em cima da mesa. Caminhou até ele, sentou-se junto de si, estendeu a toalha no chão.
- Tem fome? Tenho pão quente.
Ele olhou-a, espantado. Sentou-se, num impulso. Sorriu. - Por momentos, pensei que quem tinha fugido era você...

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por O Principezinho, em 05.04.15

O seu rosto aproximou-se mais do dela. Ela sentiu o calor a invadir-lhe o rosto. Pensou que ele a ia beijar. Mas, ao invés, ele levantou-se, espreguiçou-se e abriu a porta da cabana. O sol entrou e encandeou-a.
- Toca a levantar. Olhe só para este sol, para esta paisagem!
Ela não conseguiu dizer nada. Tinha ainda o coração a bater aceleradamente com o pensamento que tivera há segundos. Pensou que estaria a ser ridícula. Porque haveria ele de a querer beijar? Ele saiu da cabana e tirou a t-shirt. Estava a ir em direcção ao lago. Ela ficou a observá-lo...

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por Daniela Barreira, em 04.04.15

O seu coração começou a bater forte. Olhou para ele, ele dormia profundamente. Não se lembrava de se terem deitado, o que significava que foi ele que a deitou. Ela nos braços daquele homem, no colo daquele homem. E agora ali, com ele junto de si. Não se levantou, ficou a vê-lo dormir. Não havia comida para lhe preparar o pequeno almoço, não tinha como sair do sofá sem que ele acordasse... Não valia a pena sair dali, até ele acordar. Nem queria. Deixou-se ficar. Encostou-se mais para ele, enroscou-se contra o seu peito. O cheiro dele já lhe estava entranhado na roupa, na pele. Nos sentidos. Aquele silêncio... Fechou os olhos, deixou-se embalar pela respiração dele no seu ouvido, o seu peito a subir e a descer... Conseguia ouvir e sentir o coração dele. Abriu os olhos para o olhar mais uma vez. Até a dormir parecia que sorria. Desejou que ele demorasse a acordar, para que aquele sonho não acabasse já. Para poder partilhar aquele lugar, aquela cabana, aquele sofá, aquele abraço, com aquele homem desconhecido, todo o tempo que o seu coração desejasse. Que o seu coração precisasse. Afinal, foi o seu coração que a levou até ali. O que mais poderia ter sido?
Mas o seu desejo não se realizou, estava ainda a olhá-lo e a sorrir, quando ele abriu os olhos.
Ele sorriu.
- Começo o dia a ver esse sorriso?... Só pode ser um dia bom.
- Bom dia para si também. - disse ela, ainda a sorrir.
Ele apertou-a mais contra si, como que em resposta. Ela deixou-se estar... acabou de decidir que só ia sair de junto daquele homem quando ele quisesse.

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por O Principezinho, em 04.04.15

Ele pôs o braço à volta dela. E ela sentiu-se aconchegada e protegida pela asa dele.  Olhou-a, mas ela tinha os olhos fechados. Apertou-a mais contra si e fechou também ele os olhos. 

Encostou o nariz ao cabelo dela...sentiu o seu perfume...o seu cheiro... Exaustos, adormeceram abraçados um ao outro. 

Durante a noite ele acordou várias vezes e observava-a a dormir... parecia um anjo de tão bonita que era... pegou nela suave e delicadamente e deitou-a no sofá... tapou-a com a manta e deitou-se junto a ela, no pouco espaço que sobrava. Uns escassos centímetros separavam os seus lábios. Voltou a adormecer.

Quando o sol nasceu, ela foi a primeira a despertar...abriu os olhos e ele estava mesmo ali, quase colado a ela...

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por Daniela Barreira, em 04.04.15

A mão dela estremeceu. Aquele toque ultrapassou-lhe a pele e percorreu-lhe, num arrepio, todos os sentidos. Esteve quase para tirar a mão, mas não o fez. Na realidade, ela não queria deixar de sentir a mão dele. E que mão aquela... Era como se a sua mão coubesse dentro da mão dele, num encaixe perfeito.
Ele quebrou o silêncio: - “Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer.”
Ela sorriu e, num breve suspiro, completou: -“ É urgente o amor, é urgente permanecer.”
De novo, o silêncio. Ela olhou para ele, ele já estava a olhá-la mas, desta vez, sem sorrir. Ela sorriu-lhe, mas ele permaneceu sério, sem nunca desviar o olhar. Ela sentiu o calor invadir-lhe o rosto, estava a corar. Sentiu-se envergonhada, mas não quis tirar a mão da dele. Sorriu de novo, não conseguia evitar. Não conseguia adivinhar o que estava ele a pensar. Afinal... nem o conhecia. Mas sentia que, sempre que ele a olhava, via mais um bocadinho da sua alma. Seria possível estar a começar a conhecer este homem pelo olhar?
- Não vou conseguir ver o seu sorriso outra vez? - foi ela a quebrar o silêncio desta vez.
Ele sorriu. Apertou, suavemente, a sua mão. De novo, um arrepio pelo corpo dela. Num impulso, ela levantou-se. Foi buscar as canecas e o vinho. Trouxe também a manta. Foi a vez de ele observar cada movimento seu. Sentou-se ao lado dele, deu-lhe uma caneca, estendeu a manta sobre os dois, aconchegou-se mais para ele e não disse nada. Olhou para cima. O seu olhar perdeu-se naquele céu e nem reparou que o olhar dele continuava perdido nela...

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por O Principezinho, em 04.04.15

- É uma longa história...proponho um brinde. - disse ele desviando o assunto.

- Muito bem. - disse ela, estendendo a caneca. 

- Ao começo. - disse ele, encarando-a desta vez.

- Ao começo. - repetiu ela.

Beberam o vinho e ficaram submersos num suave e envolvente silêncio que só era quebrado pelo barulho da lenha que ardia na lareira. 

Comeram o atum e não disseram uma única palavra. Mas os sorrisos estiveram sempre presentes. Os olhares encontraram-se inúmeras vezes, naquela ceia improvisada.

Quando terminaram, ele apanhou um livro que estava caído no chão e começou a folheá-lo. Sentou-se no sofá. E leu em voz alta:

- "É urgente o amor. É urgente um barco no mar...É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas."

E ela acrescentou sem hesitar:

- "É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras."

Os olhos dele faiscaram de espanto, encantamento e surpresa. Ela levantou-se da mesa e sentou-se ao lado dele. Ele conseguia sentir o calor dela mesmo sem tocar no seu corpo. Colocou a mão sobre a dela...

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por Daniela Barreira, em 04.04.15

- Atum parece-me óptimo. - respondeu-lhe, com um sorriso.
- Na falta de melhor, vai ter de servir. - disse ele, enquanto colocava, em cima da mesa, duas tigelas e duas canecas que encheu de vinho.
Ela não respondeu, apenas sorriu, enquanto observava cada passo seu. Quem seria este homem? Porque parecia ele estar a cuidar dela? Bem vistas as coisas, foi ela que o recebeu naquela cabana. Deveria ser ela a preparar as coisas para ele, não ao contrário. Que imagem teria ele dela? Mas sentia-se enternecida a observar o cuidado dele, desde que ele chegou. Não tinha vontade de se sair dali. Daquele lugar, daquela cabana, daquele sofá de onde olhava para ele... Era, de facto, um homem muito bonito. E ainda não parou de sorrir desde que chegou. Nem de se preocupar com ela. Mesmo sem a conhecer... Olhava-o, mas os seus olhos fugiam sempre que ele a olhava de volta. Não conseguia explicar porquê. Ela sempre olhou as pessoas nos olhos... Havia algo de muito profundo nos olhos dele e naquele sorriso que ela ainda não tinha tido a coragem de encarar. Sentia-se envolvida num manto de segurança, calor e tranquilidade. Que ambiente aquele...
Ele abriu as latas de atum. - Tudo pronto, vamos?
Ela levantou-se, encaminhou-se até à mesa, olhou para ele, sorriu-lhe e sentou-se. - Obrigado, eu devia ter ajudado...
Ele sentou-se e esticou-lhe uma das canecas de vinho. - Deixar-me ficar aqui consigo já é a melhor ajuda. - sorriu.
Outra vez aquele sorriso...
- Como veio aqui parar? - perguntou-lhe ela.

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por O Principezinho, em 04.04.15

- Somos uns privilegiados. - disse ele apontando para a janela. 

- Está uma noite fantástica. Isto é o paraíso.

- Vejo que acendeu a lareira. Deve estar cansada. - Desdobrou a manta e estendeu-a no sofá. - deite-se aqui enquanto vou dar uma vista de olhos a ver se existe aqui alguma coisa que se coma. Estou esganado de fome.

- Acendi. Torna o espaço ainda mais acolhedor...

Ela deitou-se no sofá e cobriu-se com a manta. Aquele desconhecido transmitia-lhe uma segurança que ela não sabia explicar. Não o conhecia de parte alguma, nem o nome dele ela sabia e no entanto, sentia-se segura e protegida.

Ele olhou para ela e sorriu. Tinha alguma dificuldade em desviar o olhar, pois era uma mulher bonita. E, no entanto, não conseguia fixar o seu olhar.

Procurou nas prateleiras e encontrou panelas e tigelas velhas. Abriu um armário e encontrou uma garrafa de vinho tinto. Segurou-a e colocou-a em cima da mesa. Abriu todas as gavetas mas não encontrou nenhuma comida à excepção de duas latas de atum.

- Gosta de atum? - disse ele, sorrindo e acenando com as latas. - Parece que é tudo o que temos.

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por Daniela Barreira, em 04.04.15

Ela sorriu. O seu coração descansou, por ele não ser o dono da cabana, mas por outro lado manteve o bater forte, com a ideia de passar a noite com um desconhecido debaixo do mesmo tecto. Apesar de os seus olhos lhe terem dado a sensação que ele nunca lhe faria mal algum. E depois o seu sorriso deu-lhe a certeza.
- Parece que esta noite a cabana é nossa. - respondeu, ainda a sorrir.
Ele entrou, atrás dela. Olhou em redor. Um sofá, uma manta, uma lareira, acesa. Ao centro, uma mesa e dois bancos de madeira. E pouco mais. O que havia mais, ele nem viu. Deixou de ver o que quer que fosse, quando viu aquela janela. Mesmo por cima das suas cabeças, no tecto da cabana. Com vista privilegiada para o céu, com a lua a impor a sua presença, com as estrelas... Que céu aquele... Que vista aquela... Que lugar aquele... Que acolhedor, que mágico... Foi aqui que percebeu que ela o observava...

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por O Principezinho, em 03.04.15

Ela sentiu um rubor a invadir-lhe todo o rosto. Pensou que talvez aquele homem fosse o dono da cabana.
Ele ficou embaraçado com o embaraço dela.

Finalmente ela quebra o silêncio.

- Eu andava por aqui...e perdi a noção do tempo...quando dei por mim era já noite e encontrei esta cabana. Achei que me podia abrigar nela por uma noite, pensei que não tinha dono, mas agora que apareceu...bem...talvez tenha que me ir embora...

O homem sorriu e disse:

- Esta cabana não é minha. É curioso, pois também eu me perdi nas horas do tempo. Creio que será mais prudente esperarmos pelo nascer do dia para encontrarmos o nosso caminho. Espero que não se importe de partilhar a cabana comigo...

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por Daniela Barreira, em 03.04.15

À medida que se aproximava, o seu coração acelerava. Não é todos os dias que se bate à porta do desconhecido. Não sabia o que o esperava. E foi assim que a encontrou.
Horas antes, também ela caminhou nos mesmos caminhos que o levaram até ali, também ela se deitou a sentir o abraço da relva, o sorriso do lago. Também ela quis fugir para longe... Também ela foi procurar abrigo naquela cabana, abandonada pelo que lhe pareceu desde que lá entrou. Mas isso, ele ainda não sabia. Nem ela. Não se conheciam, não se conhecem, mas encontraram-se. Olharam-se, por instantes. Ele não sabia como pedir abrigo por uma noite. Ela não sabia que homem era aquele, que a olhava com a força de um mundo. Não sabiam nada um do outro, muito menos o que estava para vir...

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por O Principezinho, em 03.04.15

Tinha fome. Era demasiado escuro para se aventurar por aí, mas a luz da lua cheia dava para iluminar o caminho. Caminhou uns passos e aproximou-se do lago. A lua estava reflectida nas águas serenas. Lavou a cara. Olhou fixamente em frente e encontrou uma pequena cabana. Sorriu e encaminhou-se até lá…

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por Daniela Barreira, em 03.04.15

E o sol tinha dado lugar à lua, enorme e brilhante. Parecia penetrá-lo directamente na alma. O azul do céu tinha dado lugar ao imenso escuro, com brilho de estrelas. E que estrelas... Tudo ao seu redor lhe parecia ter cor, cheiro, sabor, toque e som de imortalidade. Nem deu pelo passar das horas, adormecera com a sensação de que podia ficar ali para sempre. Mas agora era noite... Que fazer agora?

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por O Principezinho, em 03.04.15

Sentiu que a relva o abraçava. Sentiu o verde da esperança a tomar conta do seu corpo. Fechou os olhos e continuou a sorrir.
A vida é uma caixinha de surpresas. Não parava de o surpreender.
Perdeu a noção do tempo. Adormeceu embalado pelos sons da natureza. Aquecido pelo sol.
Quando acordou olhou em redor...

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por Daniela Barreira, em 03.04.15

Nada acontece por acaso, não é? Foi como se todos os seus passos, naquelas horas a fio de caminho, existissem para o levar até ali. Sentiu o seu coração abraçado pelo que via, sentiu o seu coração renovado pela brisa suave que o envolvia. Sentou-se, mas, minutos depois, deitou-se, a contemplar o que o rodeava, a sentir-se parte integrante daquele lugar...

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por O Principezinho, em 03.04.15

Fugiu para longe... Caminhou horas a fio... A garrafa de água estava quase no fim... Ia sentar-se para descansar, mas avistou uma paisagem sublime. Um vale rodeado de montanhas, com um lago de água cristalina... Sorriu...

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