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Uma história escrita a duas mãos.
Enquanto esperaram, não disseram uma palavra. Alice olhou-o a tentar perceber o que lhe ia no pensamento, ele sorriu-lhe, em resposta, como se a tentasse sossegar. O homem da recepção encaminhou-os até uma sala onde se encontrava o médico que, assim que eles entraram, os olhou com ar de quem reparou no seu estado cansado.
- Em que posso ajudá-los? - perguntou, com um sorriso.
Pedro sentou Alice numa cadeira e apontou-lhe para o pé. - Não está muito bonito. - disse.
- Tropecei e caí em cima dele. - explicou Alice.
O médico observou-a.
- Vai ficar bem, nada de grande cuidado. Mas ainda bem que me procurou, vai precisar de anti-inflamatório, algum gelo e descanso nas próximas horas. Tenho a certeza que o seu marido cuida de si. - Sorriu. E de novo um aperto no coração de Alice. - Não a deixe fazer esforços nos próximos dois dias.
- Eu trato disso. - respondeu Pedro.
Saíram da sala e dirigiram-se à recepção para tentar alugar um quarto. Se Alice ia precisar de repouso, não podiam continuar esta aventura sem cómodos até ela melhorar. Precisavam de conforto e de um banho quente. A mulher da recepção encaminhou-os até um quarto. Repararam que só tinha uma cama, de casal. Não era de estranhar, eles chegaram ali como se fossem um. Olharam à volta, gostaram do que viram. Depois de noites mal dormidas, um quarto com tudo o que precisavam para uma noite de aconchego sossegada. Pedro ajudou Alice a sentar-se num sofá perto da janela com vista para o lago.
- Fica bem uns minutos sem mim? Vou procurar uma farmácia por perto para lhe trazer o anti-inflamatório que precisa. Volto já.
- Não se importa? Estou a dar-lhe muito trabalho...
- É para isso que os maridos servem. - gargalhou ele, piscando-lhe o olho.
Alice sorriu. E o seu coração ainda não lhe tinha sossegado dentro do peito.
- Boa tarde, precisam de ajuda? - perguntou a mulher que se encontrava na recepção.
- Sim, por favor. Estava a dar um passeio com a minha mulher, mas ela tropeçou e caiu. É possível chamar um médico para a observar?
- Sim, claro que sim. Só um minuto.
O coração de Alice parecia que ia saltar-lhe do peito. Porque dissera ele que ela era sua mulher? Estava cada vez mais confusa. Só não estava confusa naquilo que sentia por ele...
Ele sentia que devia quebrar o silêncio, enquanto caminhava, depois do que ela lhe dissera, mas não sabia como. Limitou-se a olhá-la e, desta vez, ela devolveu-lhe o olhar. Tinha os olhos inchados do cansaço, dor, esforço, lágrimas. Ele sorriu-lhe.
- Estamos quase lá. - disse-lhe.
Ela não disse nada, nem sorriu de volta. Aconchegou a cabeça mais a ele, contra o seu peito.
- Como se sente, Alice?
Alice respirou fundo.
- Cansada. Tão cansada...
Ele percebeu de imediato que aquele cansaço não se referia apenas ao cansaço físico, nem àquele momento. Olhou-a de novo e encontrou de novo o seu olhar perdido. Quem era esta mulher e o que lhe ia na alma?
Chegaram à porta do pavilhão e entraram. Encontraram um homem e uma mulher à entrada, sentados por detrás de um balcão, que os olharam de imediato de alto a baixo, com ar surpreendido.
Ambos ficaram em silêncio. Ele continuou a caminhar segurando-a cuidadosamente nos braços.
Seguia em direcção ao pavilhão que lhe parecia ser destinado ao turismo rural. Aquele pé tinha que ser visto por um médico.
Ela estava com os pensamentos a mil à hora e nem se atreveu a dizer mais nenhuma palavra. Mas adorava poder ler os pensamentos dele. Estava curiosa para saber o passado daquele homem mas não sabia como abordar aquele homem mistério…
- Desculpe...
- Desculpe? - perguntou Pedro, incrédulo. - Pelo quê?
- Já deve estar arrependido por me ter desafiado a vir consigo nesta aventura... Estou a ser um impecilho para si. Só me meto em sarilhos.
Ele olhou-a, a tentar perceber se ela estava realmente a sentir o que dizia. Ela nem o olhou de volta, tinha os olhos baixos. Quase lhe pareceu que estavam cheios de lágrimas, mas não conseguiu ter a certeza. Ela não lhe devolveu o olhar. Tinha o olhar longe. E ele a sentir a sua respiração tão forte, ali, tão perto do seu pescoço.
Pegou no sapato e olhou em redor. Não via nada.
- Alice! – gritou.
Algures, perto dali, Alice ouviu chamar o seu nome.
- Pedro, estou aqui!
Ele ouviu e correu na direcção do som. Quando a viu nem queria acreditar. Ficou imóvel, paralisado.
- Que aconteceu?
- Encontrei esta figueira, queria surpreende-lo com fruta ao acordar mas coloquei mal o pé e caí. Dói-me imenso o pé e não o consigo pôr no chão…
- Não está nada com bom aspecto. Está inchado. Temos que tratar dele imediatamente. Meta as suas mãos à volta do meu pescoço, por favor.
Pedro pegou nela ao colo e ela sentiu-se novamente em segurança. Sentia o cheiro e a respiração dele tão perto que até as dores pareciam ter diminuído…
Tinha de conseguir arrastar-se, pelo menos, até mais perto dele, não podia ficar eternamente à espera de ser encontrada. Mas as dores lutavam contra ela, deixavam-na sem forças... Começou a arrastar-se, com o esforço, cansaço e dores de quem se tinha movido quilómetros e, no entanto, apenas andara uns centímetros. Sentía-se perdida. As lágrimas, nessas ela já não mandava... Caíam, sem parar.
Pedro começou a estranhar a demora de Alice e a fome começava a apertar. Queria ir procurá-la, ver se encontrava algo que pudessem comer, mas tinha medo de sair dali e que ela voltasse e se desencontrassem. Também ele escreveu uma mensagem na terra junto da que ela lhe tinha deixado. "Enganou-me, não voltou :) Se não nos encontrarmos por aí, espere por mim aqui, volto já também." Começou a andar sem saber bem por onde ir, tinha um aperto no peito como quem tinha a sensação de que algo podia não estar bem... Parou, imóvel, quando viu aquele objecto no chão. Agora sim, tinha a certeza de que algo de estranho se passava... Era o sapato de Alice, perdido, sozinho, ali no chão.
Sentou-se e ficou pensativo. Ambos tinham um passado, uma vida, mas nada sabiam um do outro. No entanto, não podiam continuar com aquela vida de refugiados. Pensou que seria mais fácil para ele começar do zero sozinho, sem ninguém que dependesse dele, mas agora era tarde demais para a abandonar. Eram companheiros de estrada e ele começava a sentir um carinho e uma ligação forte por ela. Mas não queria sujeitá-la a este tipo de vida.
O pé de Alice estava cada vez mais inchado e ela já nem o conseguia pousar no chão. Estava tão enervada que deixou de pensar e raciocinar. Quis gritar por ajuda, com esperança que ele a ouvisse, mas não conseguiu. A voz não saía. Alice estava completamente bloqueada.
“Muito bom... Apenas uns minutos sem ele e fico logo em sarilhos?”, pensou... Riu-se com o seu pensamento, sentiu-se ridícula. Mas a verdade é que estava cheia de dores e não conseguia levantar-se. E ele estava a dormir, podia não acordar tão depressa. E mesmo que acordasse, não sabia onde ela estava... Tentou arrastar-se. Queria ir até à árvore. A vontade de o surpreender e fazer algo por ele para compensar todo o seu cuidado durante estes dias, tinha de ser maior do que as dores que sentia. Mas a cada avanço que dava, sentia a dor de uma faca a atravessar-lhe o tornozelo... Conseguiu chegar até à árvore, suada de todo aquele
esforço e das dores que começavam a ser mais fortes do que ela. Já não sabia o que era suor e o que eram lágrimas... Não sabia como ia sair dali, como ia regressar a ele. Sentia-se a perder as forças... Começava a arrepender-se de tanto esforço para ir até à árvore, devia ter aproveitado o esforço para chegar mais perto de Pedro... Tinha esperança de que daqui a pouco as dores aliviassem, era questão de tempo... Mas as dores só aumentavam. Não conseguia mexer-se dali.
Do outro lado, ele acordou. Olhou à volta à sua procura, leu a sua mensagem na terra, sorriu e deixou-se ficar à espera, enquanto observava a paisagem que o rodeava. Olhou para o relógio, era quase meio-dia, e reparou que dormiu muito mais do que esperava. E ela ainda não tinha voltado... Será que tinha saído há muito de junto dele?
Piscou-lhe o olho, sentou-se na erva e deixou-se cair para trás. Fechou os olhos e adormeceu de cansaço minutos depois.
Ela ficou parada a observá-lo. Observou as suas feições, o seu rosto enquanto ele dormia sereno. Apetecia-lhe aninhar-se nele e ficar ali naquele sonho acordada.
Afastou-se dele. Ele tinha cuidado dela na noite anterior. Agora era a vez dela de fazer algo por ele. Mas antes de se afastar, pegou num pau de madeira e escreveu na terra “volto já”.
Caminhou e observou bem a vegetação ao seu redor. Encontrou cogumelos, mas não sabia distinguir os venenosos dos sãos. Continuou a caminhar sempre atenta ao caminho com receio de se perder.
Ao longe avistou um poço de água com uma árvore ao lado que parecia ser uma figueira. Com fome, correu até à árvore. Só pensava em alcançá-la, em surpreende-lo com os figos quando ele acordasse. Mas quando estava prestes a chegar, não reparou num buraco no chão, tropeçou e caiu.
A dor no pé era tal que ficou imóvel, de olhos fechados e sem respirar, por uns momentos. Tentou levantar-se mas nem conseguia pôr o pé no chão.
- Gosta?
- É lindo, Alice... Mesmo o que estávamos a precisar para começar outro dia.
Ela chegou-se mais a ele. – A avaliar pelo que dormimos, ou não dormimos, acho que nem chegámos a terminar o dia de ontem, pois não?
Ele olhou-a uns segundos, a tentar descodificar o que ela queria dizer com aquilo. Mas ela não quebrou o silêncio.
- Está cansada?
- Um pouco, mas estou bem. Ter esta vista, não é todos os dias nem para qualquer um. Sinto-me renovada, só por estar aqui. Obrigado...
- Obrigado?
- Por me ter desafiado a vir consigo. Sem si, não estaria a viver estas sensações todas.
Ele não respondeu, sorriu apenas, a olhar o infinito.
- E você, está cansado?
- Um pouco, mas devíamos ver se conseguimos encontrar algo que se coma... Não tem fome?
- Ainda não, é cedo. Acho que o Pedro devia tentar dormir um pouco... Não quero correr o risco de não estar desperto o suficiente para me proteger se algo inesperado acontecer. – Começou-se a rir.
Ele adorava ouvi-la rir assim...
Ela sentiu a dureza do seu membro rígido contra o seu corpo. Ele desejava-a mas aguentou-se e não lhe tocou. Não saberia como ela poderia interpretar. Ficaram apenas aconchegados nos braços um do outro. Ninguém dormiu.
Eram 6 da manhã, e ainda estavam a olhar para o céu, a ver as estrelas…numa noite longa em que parece que reinventaram todas as filosofias. Subitamente ela diz:
- Vamos ver o nascer do sol.
- Onde?
- Sei lá, vamos simplesmente.
- Ok, siga.
Andaram sem destino, até saírem do pequeno e primitivo trilho. Já não tinham referências. Não faziam a mínima ideia de onde estavam.
- Sabe por onde está a ir? – perguntou ele.
- Não! Não é maravilhoso?
Ainda não estava muito habituado a praticar o "ir". Afinal, aquele homem não era assim tão aventureiro e livre.
- Onde quer ver o nascer do sol?
- Está quase! – diz ela ofegante de tanta excitação que estava a sentir.
- Quase o quê? Não faço ideia onde estamos.
A paisagem era maravilhosa, estava a alvorecer, o nevoeiro ainda subsistia rasteiro e escondia as ervas de palmo e meio.
- Vamos por aqui.
- Olhe, estamos no meio de uma plantação de bambus, e agora? – observou ele.
- Continuemos... vamos por aqui…espere…chegámos…
Ele ficou mudo, perplexo e petrificado. O espectáculo foi simplesmente divinal. No meio do nada, escondido numa plantação de bambus que também não se fazia adivinhar naquele sitio, nem na mais remota hipótese, estava um lago, com uma pequena ilha e um pavilhão dignos do mais luxuoso resort do mundo. As cores, o silêncio quebrado pelos pássaros que despertavam para mais um dia e o sol a nascer para os abençoar com a dádiva da vida mais uma vez. Nunca mais aqueles dois esquecerão aquela noite, aquele dia…o momento em que decidiram simplesmente ir...!
Passaram-se minutos naquele silêncio e ela não conseguia adormecer. Não assim. Com aquele homem ali tão perto, mas não perto o suficiente. Ele dera-lhe o seu casaco para a aquecer, ofereceu-lhe a placa de esferovite para que ajudasse no seu conforto. E ele estava ali, no chão, sem casaco. E perto dela, mas não o suficiente. Hesita em quebrar o silêncio. Mas não resiste.
- Pedro? Está acordado?
- Parece que sim... Está tudo bem? Precisa de alguma coisa?
- Preciso...
Ele, num impulso, senta-se. – O que precisa?
- De si... Aqui ao pé de mim. Não consigo dormir assim, consigo aí no chão. Venha, dividimos o casaco e tentaremos dividir a placa de esferovite.
Ele sorriu. Ela parecia ler-lhe os pensamentos, os sentimentos, os desejos. Levantou-se, e ela já estava a acomodar-se para lhe dar espaço. A placa de esferovite era estreita, ele abraçou-a para conseguirem caber naquele espaço pequeno. Ela cobriu-o com o casaco que a cobria a si.
- Está a habituar-me mal, Alice... – mais uma noite... e aquela mulher de corpo colado ao seu.
O abraço dele era forte. Fazia com que ela não tivesse medo de nada. Ficaram alguns minutos assim, abraçados, sem nada dizerem…para eles, o tempo parou ali…
Mas o relógio não parava e o sol estava a pôr-se. Ele afastou-se com carinho e fez-lhe uma carícia no rosto. Estendeu-lhe a mão e disse:
- Venha, temos que arranjar urgentemente um local abrigado para ficarmos esta noite.
Ela sorriu e deu-lhe a mão. Deixou-se guiar por ele.
A luz do dia começava a escassear e ele só via mato e árvores. Nem uma casa ou cabana por perto.
Continuaram a caminhar até que ela avistou umas casas em ruínas.
- Olhe ali! – disse, apontando para as ruínas.
Ele sorriu e disse:
- Acha que consegue?
- Claro que sim! É só uma noite. Amanhã seguimos caminho, verdade?
- Sim, claro que sim.
Quando chegaram, encontraram algum lixo no chão. Vestígios do que lhes parecia ter sido um piquenique.
- Vou dar uma vista de olhos a ver se encontro algo que nos possa ser útil. Fique abrigada aqui por favor. Volto já.
Sem aquele homem por perto ela sentia frio e até medo. Sem ele, não teria tido a coragem de largar tudo. Jamais estaria ali.
O tempo parecia arrastar-se e ele nunca mais chegava. Será que lhe tinha acontecido alguma coisa? Será que se tinha perdido? Será que se tinha cansado dela e tinha ido embora?
Não, ele não a deixaria ali sozinha naquele lugar. O coração dizia-lhe que ele voltava. O seu pensamento tinha medo que não voltasse.
Ela olhava em redor e não via nada. Só os sons da noite, que a começavam a assustar. Sentou-se a um canto, completamente imóvel. Quase nem respirava e no entanto conseguia ouvir o bater do seu próprio coração. Estava aterrorizada de medo.
De repente, ouviu passos. O coração parecia querer saltar-lhe do peito.
- Alice? Onde está?
O alívio foi tal que pareceu ter levado um choque eléctrico. Ficou paralisada e sem fala. Apenas levantou o braço e ele viu-a de imediato.
Trazia algo nos braços, mas largou tudo e dirigiu-se a ela:
- Você está bem? Que se passa? Aconteceu alguma coisa? Apareceu alguém?
- Não…está tudo bem…eu…
- Alice…fale comigo…está a deixar-me preocupado…
- Tive medo. Medo que você não voltasse. Medo de ficar aqui sozinha.
Ele sorriu e disse:
- Acha que a deixava aqui? Sei que não me conhece de parte alguma mas era incapaz de o fazer! Encontrei algumas coisas! Nada de especial, mas foi tudo o que encontrei. Encontrei esta placa de esferovite no meio de um monte de entulho das obras. Vai ser onde a madame vai dormir. O esferovite aquece, sabia? E, mais pura das sortes, encontrei esta caixa de fósforos caída no chão com este maço de tabaco. Suspeito que devia ser de algum pastor. Eu não fumo, mas não sei se você fuma, por isso trouxe-o na mesma. Mas, o mais útil serão os fósforos. Não tem muitos mas vai dar para fazermos uma fogueira.
- Você é um querido. Eu aqui cheia de medo e você preocupado comigo, com o meu bem-estar…devia ter ido consigo…
- Deixe-se disso. Quer testar a cama?
Ela sorriu. Ele fazia-a sorrir. Ele colocou no chão a placa que devia medir cerca de 1,50 cm e ela sentou-se.
- Já sei porque não se deita. Não tem almofada! Deixe-me só tentar fazer lume e já tratamos disso. Não se vê nada.
- Quantos fósforos tem a caixa?
- Três.
- Não acha melhor guardar? Hoje já não vamos fazer nada. Para descansar não é necessário ter luz.
- Sim, mas pensei em fazer lume para a aquecer.
- Você aquece-me.
Instintivamente ele sentiu uma ereção. Felizmente para ele, estava tão escuro que ela não conseguiria ver o volume que se estava a formar nas suas calças.
Ele tirou o casaco e deitou-o sobre o corpo dela. Ele estava demasiado quente, não precisaria dele.
- Não faça isso. Estou bem. Depois você ficará com frio.
- Não tenho frio, estou bem.
Deitou-se no chão, em cima da erva seca e tentou não pensar nela a ver se o desassossego lhe passava.
- Sabe para que servem essas placas de esferovite?
- Para camas improvisadas? – Começou a rir.
- Também, como vê! – disse ele em tom de brincadeira. - Servem para isolar as construções. Por isso a trouxe, para que se mantivesse quente.
Ela calou-se e ele pensou que tinha adormecido. Ele continuava excitado só de sentir a presença daquela mulher ali tão perto.
Ela não dormia. Pensava nele.
E ela não perguntou. Deixou-se abraçar. Sorriu. Abraçou-o também. Não disse nada, não sabia o que dizer. Mas precisava e queria senti-lo também. Junto de si, em si. Aqueles braços fortes a rodeá-la, aquelas mãos a segurá-la. Ela perdida dentro daquele abraço, mas a sentir que se encontrava cada vez mais. Embalada pela sua respiração, pelo seu coração a bater. Abraçou-o com mais força, como se não o quisesse deixar ir. Deixou-se sentir, por aquele corpo colado ao seu, por aquele homem desconhecido que começava a parecer-lhe tão íntimo. E que agora tinha um nome... Pedro.
- O meu nome é Pedro. Você tem um nome muito bonito, a condizer consigo...Ainda não lhe agradeci pelo facto de ter a sua companhia nesta aventura.
Calou-se e olhou para ela, bem para o fundo dos seus olhos. Ela baixou o olhar. Ele chegou mais perto dela e abraçou-a, dizendo: não me pergunte porquê, mas precisava de a sentir…